Nos meus primeiros anos de vida, morávamos com meus avós maternos, e o alemão
era a língua ‘oficial’ da família. Aliado a isso, meu avô e minha avó se
recusavam terminantemente a qualquer interação que não fosse na língua alemã,
cheguei a pensar que nenhum deles compreendia o idioma português!
Anos mais tarde é que descobri que ambos falavam e compreendiam muito
bem a língua portuguesa, e por razões que desconheço, haviam escolhido não
usá-la no núcleo familiar. O único episódio em que vi minha avó se comunicando
em português foi numa situação de extrema necessidade, pois a pessoa com quem
ela interagia não compreendia a língua dos imigrantes.
Meus avós faleceram há mais de 20 anos, mas até hoje lembro
da minha vozinha sentada na varanda de casa lendo seus Romane (romances, em português), ou do meu avô lendo o seu exemplar
do Brasil-Post, um jornal em língua alemã publicado semanalmente no Brasil. Certamente foi ali, observando eles, que aprendi a amar tão
intensamente os livros e a leitura.
Enfim, crescer num lar bilíngue foi muito mais do que fazer
uso da língua alemã no meu dia-a-dia, havia ali uma infinidade de valores,
crenças e aspectos culturais presentes, não só um legado trazido pelos
antepassados das terras além-mar, mas um facilitador para a interação com algumas
culturas europeias e a imersão neste vasto universo multicultural.
PS: A imagem é de 1973 e mostra quatro gerações de mulheres da minha família, da esquerda para a direita, minha bisavó materna Emma Weierbacher, minha avó materna Alzira Jost, minha mãe Osuli Frömming e eu, Marione.
Que legal essas tuas recordações da família e de tuas raízes Mari...to amando teus relatos!
ResponderExcluirOi, muito obrigada! Tô bem feliz com o carinho e a receptividade de todos! Bjs. :)
ResponderExcluirMarione!!! Que privilégio para ti fazer parte desta linda foto...
ResponderExcluirVerdade, é mesmo um privilégio, faço parte de uma família linda, de mulheres incríveis!
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