quarta-feira, 22 de abril de 2020

O Céu é o Meu Limite!


Sempre tive uma alma viajante, mas confesso que, por uma infinidade de motivos que não carece citar aqui, aprisionei o meu sonho de conquistar o mundo e de viver uma vida plena, por muito tempo. Um sentimento de impotência me invadia, e o máximo que eu idealizava era visitar algum estado ou país vizinho, não que isso fosse ruim, amo as belezas naturais e a diversidade cultural daqui, mas o que quero dizer, é que eu tinha deixado de acreditar na minha capacidade de realizar sonhos. Triste, não?

E mais triste ainda quando tudo a sua volta começa a ruir! Era 2004, e aquele estava sendo um ano especialmente difícil, tanto no trabalho como na vida pessoal. Eu precisava de uma mudança urgente, mas não tinha a menor ideia de por onde começar! Foi então que decidi voltar a fazer aulas de inglês, uma sábia decisão! Desviei o foco dos problemas, conheci pessoas e fiz amigos que me ajudaram a enxergar um universo de possibilidades que eu não conseguia ver.

Amigos estes que, além de me incentivarem a ousar, também me ajudaram na difícil tarefa de escolher e planejar minha primeira viagem para um país de língua inglesa! As opções eram tantas que quanto mais eu pesquisava, mais confusa eu ficava. África do Sul tinha sido minha primeira escolha, valores de passagem e hospedagem acessíveis, cultura riquíssima, paisagens de tirar o fôlego, mas faltava alguma coisa, algo que naquele momento eu ainda não sabia muito bem o que era.

Conversa vai, conversa vem, influenciada pelos meus queridos, André e Katarina, acabei optando pela Escócia. E aí vocês vão me perguntar, ‘Mas por que a Escócia?’. De fato, foi uma escolha bem inusitada, mas o que mais pesou pra mim naquele momento foi a segurança emocional. Sim, a segurança emocional! Eu estava vivendo um momento de muitas fragilidades e precisava da certeza de que chegando lá do outro lado do mundo eu não estaria sozinha, e com a ajudinha de alguns contatos no Reino Unido, isso se tornou possível!

Fiz meu passaporte, coloquei à venda tudo o que eu tinha, entreguei o apartamento que eu alugava, me exonerei do meu cargo de servidora pública, fiz todos os encaminhamentos necessários, comprei minhas passagens, me despedi dos amigos e da família e fui viver o meu sonho, e sem data pra voltar! Vocês querem saber se deu tudo certo? Na próxima publicação eu conto, tá? Até breve!

PS: A foto lá do comecinho é um registro da minha amiga Mara, foi em 2010 e estávamos num vôo para a Inglaterra.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Um Legado Trazido pelos Antepassados!

Falei tanto da língua anglo-saxônica no meu relato anterior, que deixei de contar pra vocês que nasci e cresci numa região de colonização alemã, que sou filha de descendentes de imigrantes alemães, e que em razão disso, muito cedo me tornei bilíngue. É quase inegável o fato de que esse meio influenciou fortemente as minhas escolhas futuras!

Nos meus primeiros anos de vida, morávamos com meus avós maternos, e o alemão era a língua ‘oficial’ da família. Aliado a isso, meu avô e minha avó se recusavam terminantemente a qualquer interação que não fosse na língua alemã, cheguei a pensar que nenhum deles compreendia o idioma português!

Anos mais tarde é que descobri que ambos falavam e compreendiam muito bem a língua portuguesa, e por razões que desconheço, haviam escolhido não usá-la no núcleo familiar. O único episódio em que vi minha avó se comunicando em português foi numa situação de extrema necessidade, pois a pessoa com quem ela interagia não compreendia a língua dos imigrantes.

Meus avós faleceram há mais de 20 anos, mas até hoje lembro da minha vozinha sentada na varanda de casa lendo seus Romane (romances, em português), ou do meu avô lendo o seu exemplar do Brasil-Post, um jornal em língua alemã publicado semanalmente no Brasil. Certamente foi ali, observando eles, que aprendi a amar tão intensamente os livros e a leitura.

Enfim, crescer num lar bilíngue foi muito mais do que fazer uso da língua alemã no meu dia-a-dia, havia ali uma infinidade de valores, crenças e aspectos culturais presentes, não só um legado trazido pelos antepassados das terras além-mar, mas um facilitador para a interação com algumas culturas europeias e a imersão neste vasto universo multicultural.


PS: A imagem é de 1973 e mostra quatro gerações de mulheres da minha família, da esquerda para a direita, minha bisavó materna Emma Weierbacher, minha avó materna Alzira Jost, minha mãe Osuli Frömming e eu, Marione.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

O Começo de Tudo (...)

O primeiro relato que eu quero compartilhar com vocês não é de uma viagem épica para algum país absurdamente lindo no exterior, mas sim de uma viagem no tempo, uma viagem para o exato momento em que a minha história com a língua inglesa começou a ser desenhada...

Pode até soar meio clichê, mas acho importante relatar aqui o quanto esse idioma estrangeiro tem impactado a minha vida, e o quanto eu sou feliz pelas escolhas que fiz. Muito provavelmente eu não estaria aqui hoje, e grande parte das vivências que vou compartilhar jamais teriam se concretizado, não fosse pela minha jornada com ela, a língua inglesa.

Vamos à primeira história então... Era o início dos anos 80, eu tinha por volta de 10 anos, meu irmão 5 e minha irmã era bebê ainda. Morávamos numa região de terras altas, no interior do município de Santa Cruz do Sul, RS. Era um cenário belíssimo, estrada de chão, morros à volta, um riacho nos fundos da propriedade, animais silvestres, pássaros, cheiro de mato e muito verde...

O centro urbano mais próximo ficava a cerca de 40 km. Lá, ter um aparelho de televisão em casa era privilégio, e ter um com imagens coloridas, um luxo... Era uma época sem telefone, sem celular, sem smartfone e sem câmera digital, um tempo em que os livros eram o que havia de mais extraordinário.

Meu irmão e eu passávamos o nosso tempo livre, entre aulas e pequenas tarefas domésticas, inventando brincadeiras, fazendo piqueniques, correndo dos bodes ou do gado, pescando no açude, tomando banho de rio, andando de bicicleta ou aprontando alguma...

Eram tantas brincadeiras divertidas que fica impossível lembrar de todas, mas uma que permanece muito viva em minha memória é a de dar aula... Eu montava todo um cenário improvisado embaixo de uma goiabeira que havia ali e fazia o papel de professora, enquanto meu irmão, mesmo contra a vontade na maioria das vezes, de aluno.

E sabem o que eu ensinava? Uma língua chamada inglês! Claro que não o inglês real, pois tive o meu primeiro contato com o idioma somente anos mais tarde, mas uma língua inventada, estranha, de sons exóticos, que eu fazia meu irmão repetir como se estivéssemos numa aula de pronúncia... E assim, no mais improvável dos lugares, um talento inato se revelava.

Não nasci professora, me tornei uma profissional da educação por meio de muito estudo, muito trabalho, muita vontade de aprender, muita dedicação e muita determinação, mas foi a minha paixão pela língua inglesa que me conduziu por este caminho!

E só depois de muito tempo é que eu, finalmente, entendi a minha missão, compartilhar sonhos, conectar pessoas e levar a língua estrangeira, e a minha paixão por ela, o mais longe que eu puder e para o maior número de pessoas possível! Não há limites para o que podemos realizar, basta acreditar e fazer acontecer!


PS: As imagens são de 1983, à direita estamos eu e minha irmã Janine, sentadas numa das goiabeiras da antiga propriedade de meus pais, e à esquerda, meu irmão Júlio nos galhos mais altos da mesma árvore.

Prazer, Marione!

Uma breve apresentação com fatos aleatórios pra você que tem curiosidade em saber um pouco mais sobre mim!

📚 Um dos meus livros favoritos de todos os tempos é The Time Traveller's Wife.

🎋 Amo ter plantinhas em casa, no momento estão todas lindas, mas já afoguei várias.

📺 Sou viciadinha em séries de tv britânicas, e quanto mais velhas, melhor.

😀 Gosto muito da cor azul, tenho muitas roupas em diferentes tons de azul, e sempre que saio pra comprar alguma peça nova, acabo voltando com mais uma azul.

🎸 Uma das minhas maiores frustrações é não saber tocar um instrumento musical, talento zero!

📸 Essa foto foi de um ensaio fotográfico que fiz no final do ano passado, o primeiro ensaio da minha vida! Pode até não parecer, mas sou bastante tímida. E olha aí o livro que citei acima!


Prazer, Marione! :)